22 de dez. de 2008

Queime depois de ler

Os irmãos Coen estão de volta neste filme delicioso. Nem parece que são os mesmos diretores de “Onde os fracos não têm vez” – respeito opiniões em contrário, mas sinceramente não me agradou. Este é o oposto, um filme bem mais leve, uma comédia ‘pura’, mas com aqueles enredos de confusões bem caprichado.

A história, na verdade, é bem simples, mas ao mesmo tempo genial. Um agente da CIA de terceira categoria é demitido e resolve escrever suas memórias. Sua mulher, que o trai com um canastrão também de terceira, prepara a separação e rouba do computador todos os seus arquivos que, por ironia do destino, acabam nas mãos de dois funcionários de uma academia de ginástica. Estes tentam tirar proveito e estorquir o agente e até vender o material para agentes russos – imaginando que ainda estão na guerra fria. E a partir daí, uma série de encontros e desencontros se desenrolarm de forma muito engraçada.

O grande trunfo do filme está nas atuações magistrais de John Malkovich, Frances McDormand, Brad Pitt e George Clooney, entre outros. Estão, todos, muito engraçados. O roteiro também está bem redondinho, com diálogos bem construídos e algumas tiradas satíricas bacanas. E algumas pitadas de violência, só para apimentar.

O filme tem crítica à sociedade americana, à CIA e o modo de vida de seus agentes e à mais um bocado de coisa. Mas isso tudo fica menor frente, vira pano de fundo, para uma única e final impressão: é uma comédia, e das boas – sem estupidez e obviedades. Diversão garantida, para qualquer público.

queime Título original: Burn After Reading
Direção: Ethan Coen, Joel Coen
Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen
Origem/Ano: Estados Unidos - 2008
Duração: 96 minutos
Site: www.burnafterreading.com--live.com/
Sinopse: Ao ser demitido por alcoolismo, o veterano da CIA Osborne Cox decide escrever um livro revelando segredos do governo. Ao saber disso, sua mulher Katie rouba os arquivos para usar contra ele no processo de divórcio. Acidentalmente, o material cai nas mãos de dois funcionários de uma academia nos subúrbios de Washington, Linda e Chad. Visando arranjar dinheiro para pagar as cirurgias plásticas que Linda sonha em fazer, eles chantageiam Cox. Uma série de encontros e desencontros levam a um desfecho surpreendente e engraçado.

5 de dez. de 2008

Vivendo e aprendendo

Este filme me surpreendeu positivamente. Segue uma linha de comédia inteligente americana, bem leve, divertida, apesar de alguns clichês básicos, mas perdoáveis. As atuações estão ótimas, especialmente da Ellen Page (a Juno), que é uma graça, e de Thomas Haden Church, engraçadíssimo – o cara do “Sideways”, outro filme bem bacana. Do núcleo central, o Denis Quaid também é bom e tem a Sarah Jessica Parker, garotinha Sex and the City, que eu particularmente não gosto.

O cara é um professor universítário que se acha o ser mais inteligente da face da terra, extremamente egocêntrico e pedante, e não dá a menor bola pra ninguém. Até que conhece a superloira, eles se apaixonam e o cara começa a mudar suas posturas. Até aí, nada de grandioso. O legal está nos detalhes, nos diálogos bem construídos, na tentativa da menina problema de seguir os passos do pai e, assim, atrair sua atenção, no filho que quer distância do pai e leva sua vida alheio ao conceito de sucesso daquela família, e no louco do irmão adotivo, que bagunça e ao mesmo tempo humaniza todas as relações entre eles.

O que menos me interessou, na história toda, foi o caso de amor entre a Sex Girl e o professor, é o catalisador da mudança na vida dele – e ai está o clichê previsível, mas perdoável.

Se bem que isso é chatolice minha, pegação-de-pé na fórmula das comédias românticas americanas – ando meio traumatizado com uma porcariada que vi esses tempos. Pra quem gosta de um romancezinho divertido, e isso não faz mal a ninguém, é bem legal.

smart-people-poster-quaidVivendo e aprendendo
Título original: Smart People
Origem–ano: EUA – 2008
Duração: 95 minutos
Direção: Noam Murro
Roteiro: Mark Jude Poirier
Sinpose: A difícil relação do professor universitário de inglês viúvo Lawrence Wetherhold com seus filhos James e Vanessa Wetherhold e um irmão adotivo atrapalhado. Inconformado com a morte de sua esposa, o professor se torna uma pessoa depressiva e amarga, mas encontra em Janet a possibilidade de uma novo amor.

22 de nov. de 2008

A vida é um sopro

Na mesma balada do Vinícius, seguimos para outro filme sobre os homens eternos, este com o centenário Oscar Niemeyer.

Documentário lindo, sobre um cara que foi, antes de qualquer coisa, coerente. Coerente com o que acredita, com sua história, sua arte, seu tempo. E até hoje está aí, dando aula, dando show…

Só tem uma coisinha que eu queria contar. O filme do Vinícius termina com uma brincadeirinha, onde estão Chico Buarque, Toquinho e Carlinhos Lyra. Eles lembram que, certa vez, perguntaram ao Vinícius como ele queria ser quando reencarnasse. O poeta contou que queria ser igualzinho, do jeintinho que veio… Só com o pau um pouquinho maior…

Já o documentário do Niemeyer termina com uma resposta no mesmo nível. Depois de falar de arquitetura, arte, política, Brasil e mundo, perguntam à ele o que lhe dá prazer hoje, o que vale na passagem dessa vida, que é um sopro, e ele responde: o importante é mulher, o resto é brincadeira…

Uma lição do filme – se é que estou à altura de interpretar alguma: você só se torna gigante quando aprecia o que está mais perto de ti, o que é mais simples, o que verdadeiramente vale a pena. Tem que ser - e saber  que é - pequeno, minúsculo. Todo resto é brincadeira…

De novo: assistam e apaixonem-se.

oscar

Duração: 90 minutos
Origem/Ano: Brasil : 2007
Direção: Fabiano Maciel
Roteiro: Fabiano Maciel
Sinopse: A história de Oscar Niemeyer, um dos mais influentes arquitetos brasileiros no século XX. Mostra como Niemeyer revolucionou a Arquitetura Moderna com a introdução da linha curva e a exploração de novas possibilidades de uso do concreto armado, além de seus pensamentos sobre a vida e o ideal de uma sociedade mais justa.

Vinícius de Moraes

Você já foi ver poesia, nega? Não? Então vá...

Sinceramente, não posso falar muita coisa sobre esse filme.

Posso dizer que é sobre Vinícius de Moraes. Dito isto, não há muito mais a se dizer. Posso contar que tem Chico, Caetano, Gil, Carlos Lyra, Edu Lobo, Francis Hime, Ferreira Gullar, além de cenas de arquivo lindas, com Tom Jobim e tudo mais, que tem texto do Rubem Braga no começo e no fim, que tem o Zeca Pagodinho, o Yamandú Costa, a Martinália e mais uma galera cantando as músicas dele, que tem o Rio, Paris, Nova York, que tem amor, beleza, tristeza e alegria, que tem parte da história da música desse país... Mas dizer isso é tão pouco quando se fala de Vinícius...

Na verdade, eu passaria horas aqui discorrendo sobre como me apaixonei pra sempre por este homem, e de como eu gostaria que todo mundo se apaixonasse por ele também. Mas prefiro deixar pra vocês só a dica e um textinho dele, coisa pouca...

Quem já passou
Por esta vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá
Pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou
Pra quem sofreu, ai
Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não
Não há mal pior
Do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa
É melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir?
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração
Esse não vai ter perdão

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Ano/Origem:Brasil : 2005
Duração: 124 min.
Direção: Miguel Faria Jr. 
Roteiro: Miguel Faria Jr. e Diana Vasconcellos, com colaboração de Eucanaã Ferraz 
Produção: Miguel Faria Jr. e Susana Moraes 
Música: Luís Cláudio Ramos 
Fotografia: Lauro Escorel

21 de nov. de 2008

Jogos de Poder

Este é um daqueles filmes que comporia uma série imaginária “pra entender o mundo um pouco melhor…”. Os caras reuniram um belo elenco para contar a história de como um congressista americano abraçou uma causa, a princípio, maluca e perdida, com parceiros ainda mais esdrúxulos e, quando parece que, contra todas as chances, o cara vence a batalha, aí é que está feita a m… Ah, já ia esquecendo: o filme é baseado na história real do tal congressista.

Começo falando do elenco, que reúne uma trinca de primeiro time: na ponta, o oscarizado Tom Hanks, no papel do congressista Charlie Wilson, um texano que não estava nem aí pra hora do Brasil – ou melhor, dos States. Tem também a eterna pretty woman, Julia Roberts, numa interpretação honesta de uma socialite bem relacionada nos meios políticos que abraça causas humanistas mundo afora. E, finalmente, o cara que, pra mim, é um dos maiores destaques do cinema americano dos últimos anos, Philip Seymour Hoffman, impagável interpretando um agente da CIA, que às vezes é um babaca, mas é sempre genial. Parênteses: depois vou falar sobre outros filmes com ele, também ótimos. Fecha.

Agora imagina a loucura: essa socialite convence o congressista a embarcar numa batalha para armar a população afegã, que sofre ataques constantes do exército soviético, em plena guerra fria. O cara vai atrás do que está acontecendo e descobre que a participação americana na história é ridícula. Para montar uma estratégia, recorre à CIA, que manda sua equipe especializada em Afeganistão: um agente pentelho, que estava na geladeira porque brigou com o chefe, que o expulsara de uma missão anterior. Pra fazer tudo isso funcionar, os caras ainda tem que buscar aliados como Israel e Egito. E, é claro, só funciona porque o Charlie, que adorava uma farra e conhecia como ninguém os corredores do poder, sabia operar politicamente com maestria, e acabava conquistando apoios decisivos – daquele jeitinho mesmo que a gente imagina que político opera. Fato é que deu certo e ele aumentou o orçamento destinado aos afegãos de US$ 5 milhões para mais de US$ 1 bilhão por ano.

Contando assim, pode parecer um daqueles filmes politizados, com uma história intrincada, daqueles que, se você piscar, já tem que rebobinar a vida (tem dó, né… a gente sofria com esses VHS’s) pois não vai entender mais nada. Muito pelo contrário, o filme é divertido, dinâmico, envolvente, com diálogos bem escritos e interpretações muito boas.

E, de lambuja, você ainda pode entender um pouco melhor nosso mundo hoje.

jogospoderCharlie Wilson's War
Origem-Ano:
EUA - 2007
Duração: 97 min
Direção: Mike Nichols
Roteiro: Aaron Sorkin, George Crile
Sinopse: Drama baseado na experiência do congressista texano Charlie Wilson, que, mesmo sob disfarce, passou momentos tensos no Afeganistão. Wilson estava naquele país durante a guerra contra os soviéticos e manteve relacionamento estreito com os rebeldes afegãos. Baseado no livro escrito por George Crile.

14 de nov. de 2008

Paris, eu te amo

Ai, ai… Eu também…

Assisti pela segunda vez esse filme, e sempre acabo assim, suspirando no final. Não me entendam mal, não sou daqueles de chorar em cena de novela das oito, mas olhem bem: um filme inteiro falando de amor, em suas mais diversas formas, e ainda por cima tendo Paris como cenário e coadjuvante permanente, merece um bom suspiro, não?

O filme é composto de 18 curtas, de 5 minutos cada, dirigidos por 21 grandes nomes do cinema mundial. Para todos eles, o mesmo tema: Paris e amor. Cada um pegou um dos “arrondissements” ou bairros parisienses, e desenvolveu sua história. Nesse caldeirão entrou comédia e tragédia, alegria e tristeza, amor hetero e homo, carnal e transcedental, perda, solidão, religião, imigração, enfim. A maioria deles é muito legal, alguns fantásticos – o último, pra mim, é dos melhores. Particularmente, um ou outro não me agradou, mas nada que possa se chamar de completamente ruim.

E, além de tudo isso, tem Paris. Só a cidade já ajuda na fotografia de qualquer filme, e a turma ainda se esmerou. Tá tudo bonito demais. Em algumas cenas, a cidade está esplendorosa.

Sei que acabei sendo repetitivo, usando clichês e tudo mais. Sem problemas, nem me desculparei. É que, pra mim, isso é incontestável: história de amor, quando bem contada, é linda demais, e em Paris, fica ainda melhor. Assistam e apaixonem-se.

paris2 Título Original: Paris, Je T'Aime
Duração: 116 minutos
Origem-Ano: França – 2006
Direção: Olivier Assayas (segmento "Quartier des Enfants Rouges"), Frédéric Auburtin e Gérard Depardieu (segmento "Quartier Latin"), Gurinder Chadha (segmento "Quais de Seine"), Sylvain Chomet (segmento "Tour Eiffel"), Joel Coen e Ethan Coen (segmento "Tuileries"), Isabel Coixet (segmento "Bastille"), Wes Craven (segmento "Père-Lachaise"), Alfonso Cuarón (segmento "Parc Monceau"), Christopher Doyle (segmento "Porte de Choisy"), Richard LaGravenese (segmento "Pigalle"), Vincenzo Natali (segmento "Quartier de la Madeleine"), Alexander Payne (segmento "14th Arrondissement"), Bruno Podalydès (segmento "Montmartre"), Walter Salles e Daniela Thomas (segmento "Loin du 16ème"), Olivier Schmitz (segmento "Place des Fêtes"), Nobuhiro Suwa (segmento "Place des Victoires"), Tom Tykwer (segmento "Faubourg Saint-Denis"), Gus Van Sant (segmento "Le Marais") e Emmanuel Benvihy (transições).

13 de nov. de 2008

Dois perdidos numa noite suja

Gosto muito desse filme. O pano de fundo da história de “Dois Perdidos” é bem conhecido: dois imigrantes brasileiros ralando pra 'fazer a América' e passando os maiores apertos e dificuldades. Até aí, nada demais. O legal desse filme é o que rola entre eles, as conversas quando estão em casa - na verdade, uma espécie de galpão, aqueles estereótipos de fábrica abandonada, com tubulação aparente e tudo mais, bem caótico, como é toda a relação desses dois, tentando sobreviver em Nova York, tentando falar, tentando amar.

Vou explica melhor: o filme é uma adaptação do José Jofily (o diretor do Pixote) para a peça do Plínio Marcos, de 1966. O autor ficou conhecido por seu teatro marginal - Navalha na Carne, inicialmente censurada pela ditadura, gerou uma polêmica gigante. Para adaptar a peça pros dias de hoje, o diretor trouxe os dois pros EUA, acentou algumas tons de marginalidade, acrescentou elementos como a sexualidade de Paco, misógena e sensual – no original, era um homem, e conseguiu fazer tudo isso com uma delicadeza fantástica, bem diferente do Pixote, que era mais agressivo, direto.

Aí temos o Roberto Bontempo interpretando com perfeição o Tonho, um mineiro tímido, inocente, sincero, trabalhador, meio com cara de bobo, e a Débora Falabella interpretando Paco, inteligente, arrojada, misteriosa, violenta. Só um drops do encontro deles: o Paco é uma menina, que se passa por menino, e sobrevive fazendo sexo oral em velhos americanos vidrados em garotinhos. Um deles descobre, em um banheiro público, que trata-se de uma menina e tenta agredir Paco. Tonho limpava o banheiro e quando viu a briga, nocauteou o gringo.

A partir daí, começa uma relação conturbada, em que os traços psicológicos dos dois se misturam às dificuldades de imigrante, de duro, fodido, e eles passam a se machucar mutuamente, ao mesmo tempo em que desenvolvem um amor enorme. E inviável. Tudo ali é inviável.

Pra fechar a conta, uma belíssima canção, feita para o filme, pelo Arnaldo Antunes. Maravilhoso.

2-perdidos-numa-noite-suja-poster01 Direção: José Joffily
Roteiro: Paulo Halm
Fotografia: Nonato Estrela
Origem/Ano: Brasil - 2002
Duração: 100 minutos
Sinopse: Dois Perdidos Numa Noite Suja narra o encontro explosivo de dois brasileiros que, como tantos outros imigrantes dos anos 90, trocaram a falta de perspectiva do país pela ilusão do sonho americano. Depois de um encontro casual, Tonho convida Paco para dividir um galpão abandonado. Tonho é tímido, humilde, sincero. Paco é misteriosa, arrojada, agressiva. Fora a condição de estrangeiros, aparentemente não têm nada em comum. Ele está cansado de subempregos e quer voltar para o Brasil. Ela quer virar uma pop-star e vender mais discos que a Madonna. Por necessidade, falta de opção e solidão Tonho e Paco passam a viver um cotidiano infernal, fruto de ressentimento, frustrações, violência e uma inusitada história de amor. A convivência forçada desses dois imigrantes à margem da sociedade irá revelar de forma crua e despudorada a falência da esperança de uma vida mais digna. O desespero crescente leva Paco e Tonho a aplicarem golpes cada vez mais arriscados. A diferença de temperamentos e objetivos provoca confrontos cada vez mais violentos com um final tão doloroso quanto inesperado.

11 de nov. de 2008

Truffaut – Série Antoine Doinel

Depois de um longo e tenebroso inverno, estamos de volta. E para compensar a ausência, trago um presente. Vou falar um pouco sobre a fantástica série de filmes do François Truffaut sobre seu personagem predileto, Antoine Doinel. Simplesmente apaixonante. Eu estou particularmente encantado por Truffaut, e depois há outros filmes muito bons dele, que pretendo comentar aqui. Mas pra quem nunca viu nanda dele, esta série é o começo perfeito. Por tudo isso, merece um post especial, com um pouco mais de fotos para ilustrar. Espero que gostem!

Bom, pra começar, o Antoine Doinel era uma espécie de alter ego do próprio Truffaut. Então, tem umas coisinhas sobre ele que vale a truffaut pena contar. O Truffaut teve uma infância e adolescência bem sofrida: nunca conheceu o pai biológico, foi rejeitado pela mãe e criado pelos avós maternos até os 10 anos. Quando a avó morreu, voltou a viver com a mãe e um padastro – que lhe emprestou o sobrenome, mas que ainda o rejeitavam violentamente. Ia mau na escola, até abondoná-la, quando começou a praticar pequenos furtos. Enfim, a essas alturas, já tinha uma paixão muito grande pelo cinema, plantada pela avó falecida, e com 14 anos fundou um cine-clube. Óbvio, o clube não deu certo, mas fez barulho. E um grande crítico e também dono de cine-clube, André Bazin, se sensibilizou com o menino cinéfilo e o ‘adotou’. Virou um tutor intelectual e pai adotivo de Truffaut. Livro daqui, filme dali até que o Truffaut se transformou num dos grandes nomes da Novelle Vague, primeiro como crítico e depois como cineasta, revolucionou o cinema francês e influencia, até hoje, gente no mundo inteiro, com suas obras fantásticas, eternas.

Mas eu comecei falando do Antoine Doinel, que é o personagem – jean1 atenção, não se percam! Um dos primeiros filmes do Truffaut, o primeiro autobiográfico e o que projetou seu nome no mundo, foi o Le 400 Coups, ou Os imcompreendidos - que conta a infância e adolescência do Doinel. Para o papel, ele escalou Jean-Pierre Léaud, então com 14 anos. É claro, a história se repetiu e Léaud transformou-se também em pupilo e meio que filho de Truffaut. E assim o Truffaut seguiu fazendo filmes com o Jean-Pierre por mais 20 anos, com ou sem o Antoine Doinel.

claude-jade2 A série começa com "Os Incompreendidos", seguido de um curta chamado "Antoine et Colette", que compõe o filme "Amor aos 20", uma coletânea de curtas de vários diretores. Depois vem "Beijos Proibidos / Baisers Volés", que apresenta a encantadora Claude Jade, por quem o Truffaut caiu em perdição, largou a mulher milionária e se casou, perdido de amor. jean2Na seqüência, também  com a dupla campeã Jean-Pierre/Claude Jade, "Domicílio Conjugal". A série  encerra com "Amor em Fuga", que traz de volta a não menos linda Collete, de quase 20 anos antes. Todos os filmes são maravilhosos.

antoineetcolette Tudo me encanta nos filmes do Truffaut: os roteiros perfeitos, inteligentes, sensíveis, a narrativa fluente, a fotografia deslumbrante, as trilhas sonoras, uma mais perfeita que a outra, e por aí vai. Dava pra falar muito dele, mas aí entramos em outra seara. Já me estendi demais. Vamos aos filmes.

Ah, pra quem quiser, a série está à venda, foi lançada pela Versátil Home Video. Você encontro os filmes avulsos ou num box, bonitão.

osimcompreendidos Os imcompreendidos 
Título Original:
Le 400 Coups
Origem-ano: França - 1959
Duração: 99 minutos
Sinopse: Este é o primeiro da série e a história dele já está bem contada lá em cima. O Antoine Doinel é maltratado pela mãe e pelo padastro e começa a aprontar deliciosas travessuras na escola - a cena em que a turma sai para um passeio na cidade e, pouco a pouco, todos fogem do professor, é ótima. Apanha da mãe, é expulso, vai para um reformatório, enfim... É a infância do Truffaut retratada em filme. Fantástico. Quem conseguir este DVD que está aí na foto, poderá ver também o curta Antoine e Colette, de 1962. Aqui Doinel volta à Paris para morar sozinho, arruma pequenos bicos, reencontra amigos e se apaixona, por música, arte e por Colette. É o início da juventudade e da saga de amores de Doinel.

beijosroubados Beijos Proibidos
Título Original: Baisers Volés
Origem-ano: França - 1968
Duração: 87 minutos
Sinopse: Neste filme, Antoine está apaixonado por Cristine Darbon, a bela Claude Jade, e além disso tenta se estabelecer profissionalmente - como guarda noturno, detetive particular e vendedor de sapatos. Aqui ele descobre o amor e fica explícito seu eterno desiquilíbrio, cheio de graça, emocional e profissional. As trapalhadas de Doinel são divertidíssimas. Um lance bacana que já começou a aparecer no curta anterior e fica mais evidente aqui é que o Antoine sempre se apaixona não só pela mulher, mas principalmente pela família.

domicilio Domicílio Conjugal
Título Original:
Domicile Conjugal
Origem-ano: França - 1970
Duração: 94 minutos
Sinopse: Antoine casa-se com Cristine e vivem juntos as delícias e frustações do casamento. Antoine ama, briga, tem um filho, trai e, depois de tudo, ama de novo, mais ainda. Vemos presente a eterna inquietude de Antoine, que em determinado ponto atinge Cristine também. Este filme é maravilhoso, um dos meus prediletos de toda a série.

amoremfuga Amor em Fuga
Título Original:
L'amour en fuite
Origem-ano: França - 1979
Duração: 91 minutos
Sinopse: Aqui a série chega ao fim. Depois de terminar a relação com Cristine, Antoine, com 35 anos, tem uma nova paixão, Sabine. Sua relação com ela também está em crise, com surge Colette. Eles se encontram acidentalmente e voltam a conversar - Colette havia descoberto o livro escrito por Antoine, que passava a limpo sua infância, seus amores, sua vida. E por uma boa parte do filme, por meio de um animado bate-papo entre Cristine e Colette, toda história de Antoine Doinel é revista, com belas cenas de todos os filmes anteriores. E justamente quando se evidencia toda a confusão emocional e a instabilidade com as mulheres de Doinel, ele encontra seu grande amor, numa história de paixão à primeira vista muito bem bolada. Este filme é ótimo, encerra a série de forma perfeita, mas ainda nos deixa com uma pulga atrás da orelha, imaginando o que Antoine vai aprontar da próxima vez…

5 de out. de 2008

Elsa e Fred

Pegue uma belíssima história de amor - mas daquelas boas, que a gente fica torcendo pros dois ficarem juntinhos e felizes para sempre. Agora tire dela tudo o que for de convencional, brega, besta, enfim, todos os esteriótipos. Adicione muito humor, sinceridade, emoção, além de uns 60 anos de idade ao que você imaginava para os protagonistas. Coloque tudo em cenários deslumbrantes, como Madrid e Roma - aliás, Roma vestida pra festa, em dia de gala. Pronto, agora já podemos começar a falar de Elsa e Fred.

Assim como o Fred, que era um velho amargurado e ranzinza, a gente também acaba se apaixonando pela Elsa, que na flor de seus cerca de 80 anos, é espevitada, bagunceira, mentirosa, mas, acima de tudo, extremamente divertida e ainda sonhadora. Ela acaba remexendo completamente a vida do Fred, que se deixa levar por suas idéias e embarca nesta aventura romântica, quando achava que seu destino era esperar sentado a morte chegar.

Uma das coisas mais bacanas deste filme é que, apesar de explorar um tema que não é novo e é carregado de esteriótipos, o diretor consegue encontrar ângulos completamente diferentes, sem que pareçam falsos demais, e ao mesmo tempo foge de todos os lugares-comuns.

Não há como sair incólume deste filme, sem uma risada, sem uma lágrima, sem um momento de reflexão, sem os olhos brilharem ao ver a Fontana di Trevi...

Assistam ao trailler aqui.

elsa-e-fred-poster01 Título Original: Elsa y Fred
Duração: 108 minutos
Origem-Ano: Espanha – Argentina : 2005
Direção: Marcos Carnevale
Roteiro: Marcos Carnevale, Marcela Guerty e Lily Ann Martin
Produção: José Antonio Félez
Música: Lito Vitale
Fotografia: Juan Carlos Gómez
Sinopse: Uma incomum e divertida história de amor. Fred é um senhor recém viúvo e apático que vê a sua vida ser completamente transformada ao conhecer a extravagante Elsa, uma inquietante senhora com espírito jovial e aventureiro. Ela é uma mulher de 83 anos que sonha em conhecer Roma e ele é um homem de 80 anos que começa a viver a vida.

Bonecas Russas

Como toda sequência, o único problema aqui é que você assiste buscando encontrar o que tinha visto no primeiro. E como esse filme não é "Rambo" nem "X-Men", você não vai encontrar a mesma coisa. Mas, sem dúvida, é outro grande filme.

Se passa cinco anos depois do "Albergue", o protagonista virou um escritor, mas que ainda sonha em escrever suas próprias histórias. Enquanto isso, vai aceitando trabalhos que lhe pagam, mas não lhe proporcionam tanto prazer. Em um destes, volta a ter contato com uma das antigas colegas  de albergue, a inglesinha Wendy, por quem ele tinha uma queda. E a história segue, mostrando como caminhou a vida da maioria deles...

A receita básica de graça e e sensibilidade para explorar os dramas pessoais está mantida, com a mesma maestria. Com uma fotografia belíssima, a câmera passeia por cenários em Paris, Londres e São Petersburgo, com imagens deslumbrantes.

bonecas-russas-poster02-774975 Título Original: Les Poupées Russes
Duração: 125 minutos
Origem-Ano: França – Inglaterra : 2005
Direção e roteiro: Cédric Klapisch
Fotografia: Dominique Colin 
Sinopse: Agora com trinta e poucos anos, Xavier (Romain Duris) trabalha como escritor de telenovelas e jornalista free-lancer, mas sonha poder ser livre para escrever suas próprias histórias. Ele continua em contato com sua ex-namorada Martine (Audrey Tautou), agora mãe solteira. Dividido entre Wendy (Kelly Reilly), a amiga britânica, e uma modelo, Xavier conta com a ajuda de Isabelle (Cécile d

Albergue Espanhol

Depois do "Tapas", me lembrei de alguns belos filmes que tinham a Espanha como cenário. Um deles, que já se tornou clássico, é o "Albergue Espanhol" - na verdade, uma co-produção França - Espanha.

A história é bem simples: em estudante de economia recebe uma tentadora proposta de emprego na burocracia francesa, só que para isso precisa saber espanhol. Resolve entrar para um famoso programa de intercâmbio e passar um período em Barcelona. Chegando lá, a convivência com as outras pessoas e com si mesmo acabam transformando sua vida. Tá na sinopse, lá embaixo.

Ok, até aí nenhuma grande novidade. Mas o interessante está no que acontece no meio, no jeito como as coisas se desenrolam e na graça e sensibilidade que o diretor usa para mostrá-las. O cara era extremanente reprimido - pela mãe, pela namorada (ela mesmo, a Amélie), pelo trabalho, por tudo. Chega cheio de medos e totalmente inexperinente na Espanha, em uma Barcelona efervescente e, depois de um pequeno período morando com um casal francês, Xavier consegue uma vaga nessa casa, alugada por estudantes como ele, mas de várias partes do mundo. Tem holandês, alemão, inglês, belga, e por aí vai. Ai, que frase batida que vou cometer, mas vá lá: ali ele aprende não só espanhol, mas lições que transformarão sua vida... (perdoem, não resisti).

Todas as diferenças entre eles e as situções em que se envolvem são muito engraçadas, o elenco está bem legal e, como se não bastasse, o filme mostra bastante Barcelona, que está belíssima. No próximo post, falo da sequência dele, o Bonecas Russas.

 Aubergeespagnole_2002_poster Título Original: L'Aubergue Spagnole
Duração: 115 minutos
Origem-Ano: França – Espanha : 2002
Direção e roteito: Cédric Klapish
Fotografia: Dominique Colin
Sinopse: Xavier (Romain Duris) tem 25 anos e está terminando o curso de Economia. Um amigo de seu pai lhe oferece um emprego no Ministério da Fazenda, mas para assumir o posto o rapaz precisa saber a língua espanhola. Ele decide acabar seus estudos em Barcelona, para aprender a língua. Para isso vai ter que deixar Martine (Audrey Tatou), sua namorada há quatro anos. Ao chegar em Barcelona Xavier procura um apartamento no centro da cidade e acha um em que deve morar com sete estudantes, todos estrangeiros. Com eles Xavier vai descobrir a autonomia e a sexualidade e iniciar a vida adulta.

2 de out. de 2008

Tapas

Muito legal este filme. Bem despretencioso, trata do cotidiano de alguns personagens da periferia de Barcelona, que por uma razão ou outra, têm suas vidas entrelaçadas. Em resumo, como elas se relacionam com o amor, com a solidão, com a vida e com os outros.

Segue, de certa forma, o caminho dos italianos “Pão e Tulipas” e “Ágata e a Tempestade”, com a diferença que estes têm focos mais bem definidos – a mulher, separações, enfim.

Mas o filme não deixa nada a desejar, é divertimento da melhor qualidade – um pouco de comédia, um pouco de tragédia, e o dia-a-dia correndo no meio. Como a vida…

Título Original: Tapas
Duração: 94 minutos
Origem-Ano: Espanha : 2005
Site Oficial: www.tapaslapelicula.com
Direção e roteiro: José Corbacho e Juan Cruz
Fotografia: Guillermo Canillo 
tapas-poster01 Sinopse: Cinco histórias se entrelaçam no bairro de uma grande cidade. Cinco mundos são vistos pelo cotidiano das ruas, do bar, das lojas e do mercado, que mostram as inquietações e esperanças de cada indivíduo. Mariano (Alberto de Mendoza) e Conchi (Maria Galiana) são dois aposentados que temem  a solidão e as enfermidades. Raquel (Elvira Mínguez), uma mulher de meia-idade, vive um caso de amor pela internet. César (Rubén Ochandiano) e Opo (Darío Paso) são dois jovens de futuro incerto, que trabalham no supermercado e planejam juntos suas férias. Lolo (Ángel de Andrés López) é dono de um bar e tem sua vida mudada a partir de sua relação com Mao (Alberto Jo Lee), o novo cozinheiro. Em cada uma dessas histórias há segredos e responsabilidades a assumir.

18 de set. de 2008

Ágata e a Tempestade

Na seqüencia do “Pão e tulipas”, vamos à outro filme do mesmo diretor, o italiano Sílvio Soldini. Que delícia é este “Ágata e a tempestade”!

Não sei, me parece que o diretor tem uma queda – e um talento – para interpretação da alma feminina. O faz com maestria.

O filme trata, de uma forma muito especial, de pessoas que vivem sua vida pela metade – e o faz por várias alegorias, sinais (uma paraplégica, uma que ama um cara, mas ele é casado, outro que descobre, depois de adulto, que tem um irmão e não é filho de quem pensava ser, e por aí vai). Mas faz tudo isso com muito leveza e humor.

Mais uma vez, o diretor usa e abusa da fotografia, belíssima e extremamente colorida.

Quem já assistiu ao Pão e Tulipas, vai adorar. Quem não assistiu, alugue logo dos dois. Vai gostar ainda mais!!

Título original: Ágata e La Tempesta
Origem/Ano: Itália – Suiça - Inglaterra : 2004
Duração: 118 min
Direção: Silvio Soldini
agatalatempesta Sinopse: Um clima surreal percorre a vida de Ágata (Licia Maglietta, de Pão e Tulipas) uma dona de livraria em Gênova capaz de prescrever livros aos clientes como remédios. Dona de uma intensa energia, não só no sentido abstrato, ela é capaz de literalmente provocar curto-circuitos e queimar lâmpadas de casas e automóveis à sua passagem. Uma personalidade assim candente põe a seus pés homens como Nico, seu namorado 13 anos mais jovem do que ela, e também o irmão gêmeo dele, o que provoca algumas confusões. O clima de perplexidade se completa quando Ágata descobre que Gustavo, que sempre pensou que era seu irmão, na verdade é irmão de outra pessoa, o vendedor-viajante Romeo. Neste clima de ambigüidade e redescoberta de tudo, Ágata põe à prova seus conceitos e sua atitude diante da vida.

Pão e Tulipas

Esta é uma bela comédia romântica italiana, com uma vantagem competitiva praticamente insuperável: é quase todo rodado em Veneza. Juro que, só por isso, já valeria a pena assistir. Mas há mais, muito mais.

Abre parênteses: minha mulher sempre adorou comédias românticas. Particularmente, nunca tive lá grandes quedas pelo gênero. Ultimamente assistimos uns pastelões americanos que nos deixaram ainda mais traumatizados. Tenham certeza, não é isso que encontrarão neste filme. Humor e romance, aos montes. Pastelão, jamais. Fecha parênteses.

A sinpose – bem completinha, aliás – está logo aqui embaixo, então não vou falar muito da história. O filme é engraçadíssimo, mas não há nenhum atuação, no núcleo central, obviamente, que se acentue demais sobre as outras. Estão todos muito bem. O diretor conseguiu aliar com muito harmonia momentos de muito humor – as perseguições furadas do pretenso detetive – com a reflexão sobre a situação de Rosalba e de cada um dos personagens que passam a orbitar nessa ‘retomada’ no rumo de sua vida.

E recomeçar em Veneza, meus caros, é sempre um belo recomeço…

paoetulipas Título Original: Pane e Tulipani
Origem/Ano: Itália – França : 2000
Duração: 115 min
Direção: Silvio Soldini
 Sinopse: Rosalba, uma dona de casa de Pescara, Itália, está viajando numa excursão de ônibus com sua família. Ao parar em um restaurante de beira de estrada, ela é esquecida pelo marido e pelos filhos. Uma situação propícia para ela fazer o que sempre quis: conhecer Veneza, a cidade dos seus sonhos. Pede carona, deixando apenas um evasivo recado na secretária eletrônica do marido: “Férias”. Nesta pequena escapada, ela irá descobrir uma realidade que nunca experimentou, longe da família e dos afazeres da casa. Enquanto isso, o marido contrata um encanador, fanático por histórias de detetive, para ir atrás da mulher. Mas Rosalba já organizou sua nova vida: arrumou emprego com um velho florista anarquista; um apartamento, que divide com um garçom finlandês, e a amizade da vizinha, Grazia, uma esteticista e massagista. Por insistência do amigo garçom, ela retoma também uma antiga paixão, o acordeão. Quando o encanador-detetive a encontra, ele também percebe que a vida pode ser muito mais divertida do que parece.

16 de set. de 2008

Feliz Natal

Ótimo filme. Quando um tenor alemão é convocado para lutar na guerra, sua namorada, também cantora de ópera, faz de tudo para vê-lo na noite de natal, no front conflagrado, onde estão também os fronts dos franceses e dos escoseces – os três lutando entre si. Quando se juntam, tentam, com sua arma mais poderoso, trazer algum alento aos soldados: cantam, uma música de natal, à capela, belíssima.

É a música que desperta uma fagulha de humanidade, que rapidamente se incendeia, transformando aquela noite numa grande festa, onde cada um deles troca presentes, impressões e experiências. E acabam, de certa forma, criando laços mais fortes e compreendendo a estupidez da guerra.

Além disso, ficam latentes as diferenças culturais entre estes povos, em algumas cenas engraçadíssimas. Mas tudo isso – as diferenças culturais e a guerra – pode ser superado.

Li em algum lugar que é uma história real. Se foi mesmo, melhor ainda – são as melhores. Mas mesmo se não, é uma grande história.

feliz-natal-poster Título Original: Joyeux Noël
Duração: 116 minutos
Origem-Ano: França/Alemanha/ Inglaterra/Romênia : 2005
Direção e roteiro: Christian Carion
Sinopse: Natal de 1914, em plena 1ª Guerra Mundial. A neve e presentes da família e do exército ocupam as trincheiras francesas, escocesas e alemãs, envolvidas no conflito. Durante a noite os soldados saem de suas trincheiras e deixam seus rifles de lado, para apertar as mãos do inimigo e confraternizar o Natal. É o suficiente para mudar a vida de um padre anglicano, um tenente francês, um grande tenor alemão e sua companheira, uma soprano.
Site Oficial: www.merrychristmas-themovie.com

15 de set. de 2008

Lugares comuns

Este é um filme muito interessante, além de bonito. O professor é um daqueles idealistas incorrigíveis, mas que vive de acordo com suas crenças e ideologias, mesmo que isto signifique atritos com sua família e amigos, além de problemas na vida profissional.

A narração em off feita por ele mesmo é fantástica. Uma das primeiras cenas, quando ele faz seu discurso de despedida dos alunos, é belíssima, um libelo em favor da liberdade, da arte e da coerência.

No desenrolar da história, ele vai revendo e reavaliando seus conceitos, se confessando pro diário que escreve. O filme não tem a intenção de dar lição de moral à ninguém, e nem deixa claro de que lado está a razão, apesar de a história ser contada pelo próprio professor. Você pensa, às vezes, que ele é só mais um louco, um sonhador.

Mas o que seria deste mundo sem eles, estes loucos maravilhosos? Além de tudo, aquela fazenda onde ele vai plantar lavanda é linda, meu sonho de vida. Já tô de olho num pedacinho de terra em São Joaquim…

lugares-comuns-poster02 Título Original: Lugares Comunes
Duração: 110 minutos
Origem-Ano: Espanha - 2002
Direção: Adolfo Aristarain
Roteiro: Adolfo Aristarain e Kathy Saavedra, baseado em livro de Lorenzo F. Aristarain
Sinopse: A vida do professor universitário argentino Fernando Robles muda depois que ele é obrigado - por decreto - a se aposentar. Ao lado de sua mulher Liliana - com quem faz um casal apaixonado e dedicado - viaja à Espanha para visitar o filho. Eles se amam, se respeitam e são fiéis um ao outro, e nunca se cansam de estar a sós, somente os dois. Na volta, assustados com o custo de vida de Buenos Aires, Fernando e Liliana procuram novas ocupações mudando-se para uma fazenda onde pensam em plantar lavanda. Como num tango saudoso, Fernando sonha com dias melhores enquanto passa sua vida a limpo no diário que escreve diariamente.

Os indomáveis

Assiti neste final de semana “Os indomáveis”, direção de James Mangold. Gostei, é um bang-bang dos bons, extremamente bem produzido, redondinho mesmo.

O diretor explora bem tanto as cenas de ação como os momentos mais intimistas, as idiossincrasias de cada um, bandidos e mocinhos. O rancheiro humilhado, endividado e sem um pedaço da perna, interpretado por Cristian Bale, está muito bom. Também gosto bastante do Russell Crowe. Tem um outro cara, que eu acho fantástico, chamado Ben Foster, que está ótimo. Ele interpreta um dos membros da gang de Ben Wade, fiel como um cachorro. Já tinha visto este ator em Alpha Dog (pra quem assistiu, ele faz o maluco nazista que tem seu irmão sequestrado - depois comento este filme).

Confesso que nunca fui grande fã de filme de faroeste, fora uma ou outra exceção. Indico para quem estava com saudades de gênero, imortalizado por ícones como John Ford e John Wayne – e depois pelo Clint Eastwood, que parecia ter se esgotado.

 indomaveis Título Original: 3:10 to Yuma
Duração: 117 minutos
Origem: EUA / 2007
Direção: James Mangold
Roteiro: Halsted Welles, Michael Brandt e Derek Haas, baseado em estória de Elmore Leonard
Sinpose: Um perigoso líder de gangue é levado por um grupo a uma cidade distante, onde será embarcado em um trem rumo a uma prisão. Dirigido por James Mangold (Johnny & June) e com Russell Crowe, Christian Bale e Peter Fonda no elenco. Recebeu 2 indicações ao Oscar.
Site Oficial: www.310toyumathefilm.com

12 de set. de 2008

Maria cheia de graça

Este é um filme muito bacana, que eu já queria ter postado aqui há mais tempo. O filme é rodado parte na Colômbia, parte nos EUA, mas na verdade é uma produção da HBO (ainda bem que os atores hispanos falam espanhol mesmo, e não aquele inglês tosco com sotaque que americano adora colocar. Desculpem a palavra, mas quando fazem isso cagam completamente o filme. Tem um outro filme sobre a vida de Goya, vi num trailler, que eu nem quero ver, pois é todo falado em inglês. Goya em inglês não dá… Mas depois posto um sobre o Goya bem legal, espanhol mesmo).

A história é velha conhecida: a menina pobre, que cai em tentação com a proposta de ganhar dinheiro sendo mula, carregando cocaína dentro do corpo para os EUA, e assim fugir da vidinha sem perspectivas que leva.

Os atores, e em especial a protagonista, Catalina Sandino, estão muito bem e emprestam muito realismo ao filme. Apesar de ser contada por um americano, a história não fica carregada demais, ou por outra, mais carregada do que já é. Algumas cenas são chocantes, como a que Maria engole as ‘cápsulas’ recheadas de cocaína.

Sem dúvida uma grande história, muito bem contada. Ah, notem o poster do filme. Lindo, não?

mariacheia Título original: Maria, Llena eres de Gracia
Origem-Ano: Colômbia-Estados Unidos – 2004
Duração: 110 min.
Diretor: Joshua Marston
Elenco: Catalina Sandino Moreno, Yenny Paola Vega, Guilied Lopez
Sinopse: Maria é uma jovem corajosa, rebelde e cheia de vida. Mas como muitos em seu país, ela vive numa condição de miséria e exploração. Seu trabalho é tirar espinhos de rosas para exportação e através dele ela precisa sustentar sua família sozinha. Morando em uma vila antiga e em uma casa pequena ela acaba ficando grávida de um namorado que não ama. Com apenas 17 anos, Maria não consegue enxergar seu futuro. Num rompante de ousadia, ela desafia o mundo em que vive mas ao qual não pertence, e se embrenha numa aventura perigosa. Maria Cheia de Graça mostra com uma honestidade desconcertante “o outro lado da moeda do sonho americano” e o que pessoas como Maria fazem para tentar resgatar sua dignidade e conquistar seus sonhos.

O Sonho de Cassandra

Sei, demorei, mas enfim consegui assitir. Este é o último do Wood Allen, antes do “Barcelona…” – parênteses especiais: que eu estou louco pra ver, com Scarlett Johansson e Penélope Cruz. Também tem o Javier Barden, que é ótimo, mas com essas duas, meus caros, nem precisava de mais ninguém…

Segue o estilo do Match Point – que também me agradou. Boas atuações, um roteiro bem amarrado, com alguns diálogos soberbos, enfim…

Não há muito a se dizer – ou melhor: há, mas nada que já não tenho sido dito. A ligação com o Crime e Castigo, do Dostoiévski, a história das pessoas de “boa índole” que cometem atos impensáveis quando em situações limite, enfim…

Mas façam suas próprias avaliações filosóficas. O filme é bom!

O Sonho de Cassandra 
cassandraTítulo Original:  Cassandra's Dream
Origem:  EUA-Inglaterra-França - 2007
Duração: 108 minutos
Site: www.cassandrasdreammovie.com
Direção e roteiro:  Woody Allen
Sinopse: O Sonho de Cassandra é um filme poderoso e excitante sobre dois irmãos (Ewan McGregor, Colin Farrell) que estão ávidos para melhorar suas vidas. Terry (Colin Farrell) é um jogador compulsivo afogado em dividas e Ian (Ewan McGregor) é o jovem sonhador que se apaixona pela bela atriz Angela Stark (Hayley Atwell). Seu tio milionário (Tom Wilkinson) torna suas vidas, pouco a pouco em um emaranhando de intrigas, interesses com resultados desastrosos.

9 de set. de 2008

Chega de Saudade

Já que começamos, sigo na trilha dos filmes sonoros. Este é o segundo filme de Laís Bodanzky, diretora do "Bicho de Sete Cabeças", que é outro filmaço. Mas este é totalmente diferente, outra história, outro clima, outro foco, enfim, outro filme.

A história se desenrola inteiramente durante um dia, dentro de um salão de bailes em São Paulo, daqueles pra terceira idade - o clube se chama, na verdade, União Fraterna – e aqui virou Chega de Saudade, uma referência ao apelido desses bailinhos, os bailes da saudade.

Pra começar, a trilha sonora é fruto de uma pesquisa muito ampla, passeando por todos os estilos - os dançantes, obviamente, como salsa, bolero, samba de gafieira, tango e por aí vai. Além disso, tem a Elza Soares cantando (ela se apresenta no clube), simplesmente deslumbrante. Além disso, o roteiro é ótimo, também fruto de pesquisa nesse universo dos bailes. Tem também um elenco fantástico – tanto o de atores como o de figurantes.

Nesta história dos figurantes, vale um destaque: a diretora os chamava de elenco de apoio, tal a importância deles na construção do filme. São todos freqüentadores dos bailes, ou seja, meia idade e idosos, e que se misturaram e interagiram perfeitamente com o apoio, e deram um banho. Pra se ter uma idéia, o figurino de todos era real, ou seja, as roupas que eles usam para ir aos bailes. Uma figura mais interessante que a outra.

Vou me alongar um pouco mais. Tenho que falar da fotografia. O diretor, Walter Carvalho teve total liberdade na criação de seus planos de câmera, o que foi bem complicado, pois eles filmavam dentro de um salão de verdade, e esta era a única solução. E daí alguém pode perguntar como um filme que só tem um cenário, e este é um clube meio pé-sujo, pode ter uma bela fotografia? Pois tem, belíssima. Poética. Como as histórias daquela turma toda. Assistam os extras do filme quando alugarem para entender melhor – tem até mini-aula de dança!!! E olhem o site também, que é bem bacana.

O filme é cheio de vida, de sentimento, de história e de música, claro. Me peguei enxergando naquelas pessoas algumas que conheço, e torcendo para que outras tantas cheguem lá. E isso não é falácia, não, dicurso fácil, e está aí outra grande virtude do filme.

Além de tudo isso, juro que deu vontade de atender os pedidos da patroa e fazer dança de salão, além, é claro, de comprar um daqueles sapatos preto-e-branco...

chegadesaudade_01Origem-Ano: Brasil - 2008
Gênero: Drama
Duração: 92 minutos
Direção e roteiro: Laís Bodanzky
Fotografia: Walter Carvalho
Site Oficial: 
www.chegadesaudadeofilme.com.br
Sinopse: A história acontece em uma noite de baile, em um clube de dança em São Paulo, acompanhando os dramas e alegrias de cinco núcleos de personagens freqüentadores do baile. A trama começa ainda com a luz do sol, quando o salão abre suas portas, e termina ao final do baile, pouco antes da meia-noite, quando o último freqüentador desce a escada. Mesclando comédia e drama, Chega de Saudade aborda o amor, a solidão, a traição e o desejo, num clima de muita música e dança.

8 de set. de 2008

Ó pai, ó

Ainda na empolgação do Apenas uma vez, segue a dica de outro filme ‘sonoro’. Extremamente contagiante – da vontade de sair dançando - “Ó pai, ó” é um retrato de Salvador e de seu povo, do que tem de melhor e de pior. Você pode analisar por diversos aspectos: a musicalidade, a alegria, aquela coisa de estar cheio de problemas mas mesmo assim conseguir levar a vida e seguir brincando, ésteriótipo de brasileiro e, mais ainda, de baianos. Mas tem também a pobreza, que talvez em nenhum outro lugar se misture tanto, no mesmo espaço. Vou ser mais claro: no Pelourinho, você sente essa atmosfera fantástica, cultural, musical, negra, e presencia as malezas, a pobreza, o desleixo com aquele povo e com a sua vida.

É uma tragi-comédia musical, com uma trilha sonora bem bacana e atuações muito boas. A dupla Lázaro Ramos/Wagner Moura, como sempre, está fantástica. O Wagner Moura, fazendo o papel de um traficante da comunidade, o Boca – “não me chama de Moisés, não pô…”, está engraçadíssimo. E o Lázaro Ramos até cantando se saiu bem. Fora eles e o Stenio Garcia, a maioria dos atores é desconhecida, muitos deles componentes do Bando de Teatro Olodum – de onde saiu o Lázaro também. Aliás, o texto, escrito por Márcio Meirelles, já havia sido encenado pelo Bando.

Vale ressaltar que o filme não faz uma crítica social propriamente dita – ela está implícita, fica para nossa reflexão. Apresenta uma série de esteriótipos baianos – a macumbeira, a baiana do acarajé, a crente, a mulher que foi tentar a vida na Europa, enfim… Tudo com muita graça, bom humor e música.

Então, se você não foi à Bahia, nego, então vá. Não vá pensando em encontrar os personagens do filme nem aquele ambiente permanente de carnaval, mas um pouco de tudo está lá, sim.

opaio Título Original: Ó Paí, Ó
Gênero: Comédia
Duração: 98 min.
Ano: Brasil - 2007
Distribuidora: Europa Filmes
Direção e Roteiro: Monique Gardenberg, baseado na peça teatral de Márcio Meirelles
Sinopse: Em um animado cortiço do centro histórico do Pelourinho, em Salvador, tudo é compartilhado pelos seus moradores, especialmente a paixão pelo Carnaval e a antipatia pela síndica do prédio, Dona Joana (Luciana Souza). Todos tentam encontrar um lugar nos últimos dias do Carnaval, seja trabalhando ou brincando. Incomodada com a farra dos condôminos, Dona Joana decide puni-los, cortando o fornecimento de água do prédio. A falta d'água faz com que o aspirante a cantor Roque (Lázaro Ramos); o motorista de táxi Reginaldo (Érico Brás) e sua esposa Maria (Valdinéia Soriano); o travesti Yolanda (Lyu Arisson), amante de Reginaldo; a jogadora de búzios Raimunda (Cássia Vale); o homossexual dono de bar Neuzão (Tânia Tôko) e sua sensual sobrinha Rosa (Emanuelle Araújo); Carmen (Auristela Sá), que realiza abortos clandestinos e ao mesmo tempo mantém um pequeno orfanato em seu apartamento; Psilene (Dira Paes), irmã de Carmen que está fazendo uma visita após um período na Europa; e a Baiana (Rejane Maia), de quem todos são fregueses; se confrontem e se solidarizem perante o problema. Em meio à este enredo, muita música e alegria.

4 de set. de 2008

Você é tão bonito

Muito bacana. O cara – Michel Blanc, numa atuação fantástica - é um daqueles fazendeiros do interior da França, com a personalidade repleta de todos os esteriótipos dos franceses do interior, somados ao seu perfil extremamente introspectivo. A história está lá embaixo – ele na verdade não quer uma esposa, mas simplesmente alguém que o ajude nas tarefas da fazenda, depois da morte da sua mulher. E quando descobre essa agência de casamentos com mulheres romenas, vê a oportunidade perfeita. E mais barata, obviamente.

Por exemplo, ele cria uma história maluca para a família, com a intenção de esconder o ‘método’ utilizado para conhecer a nova esposa, e se mete um uma série de embaraços por causa disso, todos engraçadíssimos. Por outro lado, é interessante ver a situação das ‘noivas’ romenas, que, fugindo dos restos do comunismo, fazem de tudo para conseguir um marido francês.

Basicamente, é uma comédia romântica, com momentos muito engraçados e outros comoventes. Segue o padrão da categoria, mas de forma inteligente e honesta. Gostei bastante.

Você é tão bonito  
Jevoustrovetresbeau Título Original: Je vous trouve très beau
Direção:  Isabelle Mergault
País:  França - 2005
Duração: 95 minutos
Sinopse: Comédia sobre um fazendeiro viúvo, que ao procurar por uma esposa numa agência de matrimônio, recebe a sugestão de ir a Romênia, onde muitas mulheres sonham em se casar com um francês para melhorar de vida. Ele só precisa de alguém que possa ajudá-lo a manter a fazenda em perfeito funcionamento. Ao chegar lá, porém, ele conhece uma bela jovem, cujas "experiências" não são exatamente as que ele almejava e juntos eles atravessar grandes experiências.

Once, again

Assisti ontem com a Ju ao “Apenas uma vez”, do diretor irlandês John Carney. Eu já tinha assistido na semana passada e topei ver de novo, de tanto que gostei.

Explico. O filme é despretensioso, honesto, simples, bonito e tem uma trilha sonora maravilhosa – aliás, uma das canções, Falling Slowly, ganhou o Oscar de melhor canção original este ano (ouça aqui). A idéia do diretor e roteirista era bem simples: um músico de rua, em Dublin, na Irlanda, desiludido no amor, conhece uma imigrante checa, que canta e toca piano, eles se curtem, não ficam juntos, nem se beijam, nada, e se ajudam. Ponto final. E no meio disso tudo, música. Mas a música faz a costura perfeita, inclusive de enredo, da história toda. E fica ótimo.

Tem alguns detalhes interessantes. Os enquadramentos são meio bagunçados, às vezes distantes – há momentos em que passa uma penca de gente na frente da câmera. Parece vídeo caseiro. Como o diretor queria um filme sobre música, preferiu escolher músicos que pudessem atuar à atores que soubessem cantar. E a distância das câmeras é para deixá-los mais à vontade, sem tanta pressão. Para se ter uma idéia, o filme foi rodado em apenas três semanas, com orçamento de US$ 70 mil. Para quem conhece um pouquinho dos custos de um filme, tem noção que foi muito, muito pouco. Mais uma vez, escolha do diretor, pois não queria pressão de tempo, de responsabilidades, de nada. Queria um filme íntimo. E para isso escolheu um amigo, Glen Hansard, que sugeriu sua amiga, Markéta Irglová. E ambos se saem muito bem intrerpretando eles mesmos. Curiosidade: o diretor conheceu Glen quando foi admitido para ser baixista de sua banda, The Frames.

Sei dizer que é daqueles filmes que a gente torce para não acabar, para que dure um pouco mais, para que tudo dê certo. E não dá pra não lembrar do Vinícius, que dizia que a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida…

Onceposter Título original: Once
País/ano: Irlanda 2006
Duração: 88 min
Direção: John Carney
Site: www.foxsearchlight.com/once
Sinopse: Ele é um talentoso músico, que ganha a vida com seu violão nas ruas de Dublin e ajuda o pai em uma loja de aspiradores de pó. Ela é tcheca que anda pelas mesmas ruas, vendendo rosas para sustentar sua família e tem como hobby o piano. O acaso fez com eles se encontrassem e a paixão pela música fará com que eles vivam uma experiência inesquecível. Uma linda história de amor embalada por músicas que traduzem os caminhos do coração. Um musical dos dias atuais.

2 de set. de 2008

O Poderoso Chefão

Está é, sem dúvida, uma das grandes seqüências de filmes da história do cinema, uma obra prima de Francis Ford Coppola. Estes dias peguei os três para assistir – era muito pequeno quando vi pela primeira vez, nem lembrava mais qual era o 1, o 2 e 3. Atuações primorosas: o Robert De Niro como o jovem Vito Corleone; o Marlon Brando, como Corleone já mais velho; o Al Pacino como Michael Corleone e o ainda pouco conhecido Andy Garcia, como Vincent "Vinnie" Mancini. Isso sem falar nos personagens secundários.

É até difícil escrever sobre esses filmes, de tanto à falar… A saga da família Corleone começou a ser contada pelo Mário Puzzo – que na verdade foi chamado para fazer um roteiro, que foi recusado e virou livro. O livro fez muito sucesso e o estúdio mudou de idéia e resolveu filmar. O Coppola tem um trabalho extremamente autoral, mas respeitando bastante o roteiro original (como Drácula, de Bram Stoker, The Godfather, de Mario Puzzo). E a história da máfia italiana nos Estados Unidos e seu poderio dos anos 40 em diante é muito interessante. Só isso já valeria. Os detalhes da construção do poder dos mafiosos, que remontam a vida rural na Sicília – lembra um pouco os nossos coronéis do sertão, ou não? – enriquecem a narrativa.

Os conflitos internos dos personagens são muito bem explorados – a solidão do poder, as decisões difícies tomadas em defesa deste poder, o misto de medo, ódio, admiração e respeito da família ao grande capo, enfim, está tudo lá. Uma história completa.

A fotografia é linda e a trilha sonora, então, virou um clássico. Quem não lembra da música tema, aquele tan-na-na-nam na-nam... É só escutar e vem a imagem do Brando, cabelos brancos, aquela voz rouca fazendo força para sair da garganta, os lábios caídos... Uma imagem eterna, que ultrapassou os limites do cinema e transformou-se em marca, referência absoluta. Dali pra frente, nem um filme de máfia foi mais o mesmo...

Daquelas obras para se ter em casa e assistir de vez em sempre...

Ficha técnica (básica, para os três):
Título Original: The Godfather
Gênero: Drama
Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: Mario Puzo e Francis Ford Coppola, baseado em livro de Mario Puzo
Produção: Francis Ford Coppola
Música: Nino Rota e Carmine Coppola
Direção de Fotografia: Gordon Willis

Sinopses:

poderoso-chefao-poster01 O Poderoso Chefão I (1972 – 171 minutos)
Em 1945, Don Corleone (Marlon Brando) é o chefe de uma mafiosa família italiana de Nova York. Ele costuma apadrinhar várias pessoas, realizando importantes favores para elas, em troca de favores futuros. Com a chegada das drogas, as famílias começam uma disputa pelo promissor mercado. Quando Corleone se recusa a facilitar a entrada dos narcóticos na cidade, não oferecendo ajuda política e policial, sua família começa a sofrer atentados para que mudem de posição. É nessa complicada época que Michael (Al Pacino), um herói de guerra nunca envolvido nos negócios da família, vê a necessidade de proteger o seu pai e tudo o que ele construiu ao longo dos anos.

poderoso-chefao-2-poster01 O Poderoso Chefão II (1974 – 200 minutos)
Início do século XX. Após a máfia local matar sua família, o jovem Vito (Robert De Niro) foge da sua cidade na Sicília e vai para a América. Já adulto em Little Italy, Vito luta para ganhar a vida (legal ou ilegalmente) para manter sua esposa e filhos. Ele mata Black Hand Fanucci (Gastone Moschin), que exigia dos comerciantes uma parte dos seus ganhos. Com a morte de Fanucci o poderio de Vito cresce muito, mas sua família (passado e presente) é o que mais importa para ele. Um legado de família que vai até os enormes negócios que nos anos 50' são controlados pelo caçula, Michael Corleone (Al Pacino). Agora baseado em Lago Tahoe, Michael planeja fazer por qualquer meio necessário incursões em Las Vegas e Havana instalando negócios ligados ao lazer, mas descobre que aliados como Hyman Roth (Lee Strasberg) estão tentando matá-lo. Crescentemente paranóico, Michael também descobre que sua ambição acabou com seu casamento com Kay (Diane Keaton) e até mesmo seu irmão Fredo (John Cazale) o traiu. Escapando de uma acusação federal, Michael concentra sua atenção para lidar com os seus inimigos.

poderoso-chefao-3-poster01 O Poderoso Chefão III (1990 – 172 – minutos)
Nova York, 1979. A Ordem de San Sebastian, um dos maiores títulos dados pela Igreja, é dada para Michael Corleone (Al Pacino), após fazer uma doação à Igreja de US$ 100 milhões, em nome da fundação Vito Corleone, da qual Mary (Sophia Coppola), sua filha, é presidenta honorária. Michael está velho, doente e divorciado, mas faz atos de redenção para tornar aceitável o nome da família Corleone. Na comemoração pelo título recebido, após 8 anos de afastamento, Michael recebe "Vinnie" Mancini (Andy Garcia), seu sobrinho, que a pedido de Connie (Talia Shire) é apresentado a Michael manifestando vontade de trabalhar com o tio. Nesta tentativa de diálogo a conversa toma um rumo hostil, pois participava também da reunião Joey Zasa (Joe Mantegna), que agora mantém o domínio de uma área outrora mantida por Don Vito Corleone, o pai de Michael. Vinnie é chefiado por Zasa, mas fala que não quer continuar, principalmente pela traição de Zasa de não reconhecer o poder de Michael. Vinnie é quase morto pelos capangas de Zasa e uma guerra pelo poder tem início. Um arcebispo da Igreja solicita a Michael US$ 600 milhões, pois resolveria o déficit da Igreja, oferecendo em troca que Michael ganhe o controle majoritário da Immobiliare, antiga e respeitável empresa européia de propriedade da Igreja. Michael concorda, mas isto deixa vários membros do clero contrariados, que não o aceitam por sua vida duvidosa.

Narradores de Javé

Este é um filme bem antigo, que eu já queria ter assistido antes, porém não é muito fácil de encontrar. Mas vale a pena, sem dúvida. Nessa busca pelo resgate da história de Javé, a gente viaja junto pelo tradição oral do povoado - neste caso, no interior da Bahia, com o vocabulário e verve ricos dos nordestinos. Além do bom humor, é claro. O elenco é todo de atores do 'segundo time'. Entre aspas, claro, pois são todos atores fantásticos, mas sem a menor vocação pra galã. Portanto, você só vai encontrá-los na novela das oito de for em papel de jagunço, capitão-do-mato ou retirante. O José Dumont, que interpreta o Antonio Biá, está maravilhoso.

Sei dizer que é daqueles filmes que assistimos o tempo todo com um sorisso nos lábios. Não por ser uma comédia escrachada - tem momentos muito engraçados, sim - mas por seu tom matreiro, esperto, e pela simplicidade e fé dos moradores do povoado, cada qual com suas versões, crenças, jeitos e trejeitos. Muito bom.

Narradores-de-Jave Origem/Ano: Brasil/2003
Duração: 100 min
Direção: Eliane Caffé
Sinopse: Nada mudaria a rotina do pequeno vilarejo de Javé se não fosse o fato de cair sobre ele a ameaça repentina de sua extinção: Javé deverá desaparecer inundado pelas águas de uma grande hidrelétrica. Diante da infausta notícia, a comunidade decide ir em defesa de sua existência pondo em prática uma estratégia bastante inusitada e original: escrever um dossiê que documente o que consideram ser os "grandes" e "nobres" acontecimentos da história do povoado e assim justificar a sua preservação. Se até hoje ninguém preocupou-se em escrever a verdadeira história de Javé, tal tarefa deverá agora ser executada pelos próprios habitantes. Como a maioria dos moradores de Javé são bons contadores de histórias, mas mal sabem escrever o próprio nome, é necessário conseguir um escrivão à altura de tal empreendimento. É designado o nome de Antônio Biá, personagem anárquico, de caráter duvidoso, porém o único no povoado que sabe escrever fluentemente. Apesar de polêmico, ele terá a permissão de todos para ouvir e registrar os relatos mais importantes que formarão a trama histórica do vilarejo. Uma tarefa difícil porque nem sempre os habitantes concordam sobre qual, dentre todas as versões, deverá prevalecer na memória do povoado. Na construção deste dossiê, inicia-se um duelo poético entre os contadores que disputam com suas histórias - muitas vezes fantásticas e lendárias - o direito de permanecerem no patrimônio de Javé.

21 de ago. de 2008

Reine sobre mim

Vou dar um tempo na série 'crianças' pra falar deste filme, que assisti novamente ontem. Acho ele ótimo em vários aspectos: um roteiro bem amarrado, bem escrito, atuações brilhantes e uma fotografia, de certa forma, inovadora. Começando pela fotografia, o mérito é mostrar Nova York, já tão explorada no cinema, de um ângulo diferente: por baixo, da altura de visão do patinete que o protagonista usa para se deslocar. No campo atuação, algumas supera.ções marcantes. Esqueçam o Adam Sandler de filmes bobinhos, como aquele idiota que tem um controle remoto. O cara empresta um poder dramático, uma força, impressionante ao seu personagem. O outro, o Don Cheadle, também dá um banho. Saffron Burrows está fantástica no papel de Donna Remar, uma coadjuvante meio perturbada. A trilha sonora, então, dá um banho.

Para não me alongar demais: é uma visão diferente sobre os atentados do 11 de setembro, mostrando o lado de quem ficou e perdeu a família. O Charlie, personagem do Adam Sandler, perdeu mulher, três filhas e até uma poodle, e mergulhou num universo paralelo - de onde não quer sair de jeito nenhum. O reaparecimento do antigo colega o permite voltar ao convívio social, sem ter que tocar no tema doloroso. O bacana que é a história não é especificamente sobre o cara, mas também sobre esse amigo, Alan Johnson (Don), que vive totalmente oprimido pela mulher, família, trabalho, tudo, e acaba transformando esta amizade e seu esforçar para ajudá-lo amigo numa revolução na própria vida.

Tinha muito mais pra falar, mas não quero estragar a surpresa. Assistam. Ah, não pensem, com toda essa descrição, que é um dramão, daqueles pesados, de chorar do começo ao fim. Nada disso, o filme, na verdade, é cheio de cenas engraçadas, muito leve, corre muito bem. Este, para mim, entra pra galeria dos imperdíveis!

P.S.: Um extra meu: o Charlie é tarado por um joguinho de viodeogame chamado "Shadows of the Colossus". Muito tempo depois, achei o jogo - muito bom, por sinal - numa loja e fui ver do que se tratava. O enredo é a história de um guerreiro, num mundo mágico, que faz de tudo, luta com os tais dos colossos, atravessa o mundo e se mata inteiro para tentar trazer de volta à vida sua amada morta. Que tal?
 
Reine sobre mim
reine_sobre_mim Título original: Reign over me
Duração:
124 minutos
Origem:
EUA: 2004
Direção e Roteiro: Mike Binder
Sinopse: Preso na angústia e na solidão depois de perder a família no atentado terrorista de 11 de setembro, Charlie Fineman (Adam Sandler) reencontra por acaso seu antigo colega de quarto dos tempos da faculdade, Alan Johnson (Don Cheadle), e passa a resgatar bons momentos de sua vida. Nas ruas de Nova York, o órfão tenta se recuperar da tragédia durante os encontros com o velho amigo e seu passado esquecido.

18 de ago. de 2008

Machuca

A história se desenrola durante o curto período do governo Allende no Chile. Então, antes de tudo, temos que entender esse momento histórico para entender, por exemplo, o posicionamento das famílias poderosas e dos desfavorecidos, para usar um termo mais 'politicamente correto' - apesar de eu achar um saco. Mas sem ingenuiedade, por favor. A mecânica social é idêntica, em qualquer lugar, em qualquer época. Mas é bacana ver como se constrói a amizade entre os meninos de classes sociais diferentes e, óbvio, todas as dificuldades no caminho. Interessante o processo mútuo de 'exploração' do universo alheio, e o fascínio que ambos têm pelos seus opostos. Às vezes, a raiva originada pela diferença tão abissal. Confesso que esse foi um filme que vi há muito tempo, mas é, sem dúvida, um filme bem interessante.

machuca Título original: Machuca
Duração: 120 minutos
Origem: Chile / Espanha: 2004
Direção: Andrés Wood
Roteiro: Andrés Wood e Mamoun Hassan
Sinopse: Chile, 1973. Gonzalo Infante (Matías Quer) é um garoto que estuda no Colégio Saint Patrick, o mais conceituado de Santiago. Gonzalo é de uma família de classe alta, morando em um bairro na área nobre da cidade com seus pais e sua irmã. O padre McEnroe (Ernesto Malbran), o diretor do colégio, inspirado no governo de Salvador Allende decide implementar uma política que faça com que alunos pobres também estudem no Saint Patrick. Um deles é Pedro Machuca (Ariel Mateluna) que, assim como os demais, fica deslocado em meio aos antigos alunos da escola. Provocado, Pedro é seguro por trás e um deles manda que Gonzalo o bata, que se recusa a fazer isto e ainda o ajuda a fugir. A partir de então nasce uma amizade entre os dois garotos, apesar do abismo de classe existente entre eles.

Vozes inocentes

Diferente dos outros até aqui, este é um filme com crianças, mas em que a guerra tem um papel mais determinante, não apenas pano de fundo, como no Valentin ou n'O Ano em que meus pais saíram de férias - desse eu falo depois. É muito interessante perceber como, em meio à toda loucura da guerra, as crianças ainda conseguem transformar tudo em normalidade - até certo ponto, claro. Convivem com a situação, se adaptam e seguem. No filme, elas estão na mira dos exércitos - tanto o do governo quanto os rebeldes. Há uma cena, fantástica, em que as tropas governistas fazem um pente-fino numa favela (formada pela fuga das famílias mais pobres da cidade, já que os lugares onde viviam estavam, cada vez mais, na zona de tiro) em busca de crianças. Para não serem recrutadas, sobem nos telhados das casas e ficam lá, quietinhas, até anoitecer. Em uma bela panorâmica, vemos um monte de telhados de zinco coalhados de crianças, deitadas, imóveis e caladas. Chocante. Em outro momento, dois ex-colegas de classe se vêem em exércitos opostos, de armas em punho, atirando uns contra os outros.

Vale para conhecer um pouco deste momento tenso, que historicamente ainda é muito próximo, e para se deliciar - e emocionar - com a maneira como são afetadas as crianças e como elas reagem à tudo isso. Bonito.

vozes-inocentes-poster01t Título Original: Voces Inocentes
Duração: 120 minutos
Origem: México: 2004
Direção: Luis Mandoki
Roteiro: Luis Mandoki e Oscar Orlando Torres, baseado em estória de Oscar Orlando Torres
Sinopse: Anos 80. Chava (Carlos Padilla) é um garoto de 11 anos que, após seu pai abandonar a família em meio à guerra civil de El Salvador, se torna o "homem da casa". Por causa da guerra as forças armadas do governo recrutam garotos de 12 anos, retirando-os das salas de aula. Chava ainda tem um ano até ser também recrutado, sendo que neste período precisa conseguir um emprego para ajudar sua mãe (Leonor Varela) a pagar as contas e também escapar da violência diária causada pela guerra civil.

5 de ago. de 2008

A culpa é do Fidel

Só para entender melhor, já que a sinopse vai abaixo, a diretora e roteirista do filme, Julie Gravas, é filha do cineasta grego Costa-Gravas, conhecido por suas obras politicamente engajadas. Então o filme é um retrato da sua infância, de como ela viu as coisas se transformando ao seu redor, sem entender bem o que estava acontecendo. E mesmo que entendesse, transformações políticas não importam nada no universo de uma criança.

A menina é uma graça, e fica possessa quando perde a casa grande onde morava por um pequeno apartamento, perde a babá cubana que cuidava dela – e que vive dizendo que tudo que acontece de ruim no mundo é culpa do Fidel – sai das aulas de religião e é, de certa forma, marginalizada por suas colegas. É claro que, no meio do seu ‘sofrimento’, ela acaba descobrindo um monte de conceitos novos, que mudarão sua forma de ver e se relacionar com o mundo. Além disso, expõe propositalmente alguns estereótipos esquerdóides típicos da época, uma patrulha ideológica bem doida, mas que tinha que ser vivida plenamente.

Recentemente, li no livro do Zuenir Ventura – O que fizemos de nós – que sua filha recomendou que ele assistisse, pra entender como ela se sentiu naquele período. Para nós, dá pra ter uma idéia bem interessante de como coisas simples afetam profundamente a cabeça de uma criança.

A Culpa é do Fidel  
fidel Título Original:
La Faute à Fidel
Duração: 99 minutos
Origem: França/Itália: 2006
Direção: Julie Gavras
Roteiro: Julie Gavras, com colaboração de Arnaud Cathrine, baseado em livro de Domitilla Calamai
Sinopse: Anna de la Mesa (Nina Kervel-Bey) tem 9 anos, mora em Paris e leva uma vida regrada e tranqüila, dividida entre a escola católica e o entorno familiar. O ano é 1970 e a prisão e morte do seu tio espanhol, um comunista convicto, balança a família. Ao voltar de uma viagem ao Chile, logo após a eleição de Salvador Allende, os pais de Anna estão diferentes e a vida familiar muda por completo: engajamento político, mudança para um apartamento menor, trocas constantes de babás, visitas inesperadas de amigos estranhos e barbudos. Assustada com essa nova realidade, Anna resiste à sua maneira. Aos poucos, porém, realiza uma nova compreensão do mundo.

Valentin

O Valentin é fantástico. Como a capa do DVD não chama muita atenção, me arrisquei na dica do menino da locadora e tive uma grata surpresa. O filme se passa no período da ditadura militar argentina – mas, atentem, este não é o tema, é só pra se situar e entender algumas coisas do filme. A história é de um menino de 8 anos, estrábico – lindo! – com uma imaginação gigantesca, e que sofre profundamente suas angústias infantis. Ele é criado pela avó, o pai o visita muito pouco e lhe dá ainda menos atenção, além de ambos falarem muito mal da mãe que o abandonou. Fotografia, música, atuação, tudo é impecável neste filme. Destaque especial para a narrativa, em off, do filme, toda feita pelo menino. Tudo muito bem dosado, com muito humor e sensibilidade. Sem estragar a surpresa, mas há uma cena muito triste em que ele conta que, às vezes, brinco consigo mesmo dizendo que, se contar até mil, a mãe dele vai chegar. Ele conta, conta, conta, e ela não chega...

Já indiquei esse filme pra um monte de gente e a opinião tem variado bastante: de um másculo “porra, quase chorei” à um feminino “eu quero adotar o Valentin”. Imperdível.

Valentin 
valentin Título Original: Valentin
Origem: Argentina/2005
Diretor: Alejandro Agresti
Duração: 83 minutos
Sinopse: Vencedor do Audience Award no Newport International Film Festival, do Golden Calf Award no Nederland Film Festival e outros importantes prêmios, Valentin é a visão encantadora do escritor e diretor Alejandro Agresti sobre o mundo que envolve um encantador e precoce garotinho de 8 anos de idade. Com pais ausentes e um ambiente familiar conturbado, Valentin é uma criança encantadora e imaginativa, cujo maior sonho é ser uma criança comum, com uma família de verdade. Enquanto ele tenta consertar as falhas em seu mundo, ele será capaz de trazer alegria, sabedoria, e até mesmo romance aos adultos que o cercam. Valentin é um filme divertido, emocionante e irresistível, que convida cada um a ver a vida com outros olhos.