11 de nov. de 2008

Truffaut – Série Antoine Doinel

Depois de um longo e tenebroso inverno, estamos de volta. E para compensar a ausência, trago um presente. Vou falar um pouco sobre a fantástica série de filmes do François Truffaut sobre seu personagem predileto, Antoine Doinel. Simplesmente apaixonante. Eu estou particularmente encantado por Truffaut, e depois há outros filmes muito bons dele, que pretendo comentar aqui. Mas pra quem nunca viu nanda dele, esta série é o começo perfeito. Por tudo isso, merece um post especial, com um pouco mais de fotos para ilustrar. Espero que gostem!

Bom, pra começar, o Antoine Doinel era uma espécie de alter ego do próprio Truffaut. Então, tem umas coisinhas sobre ele que vale a truffaut pena contar. O Truffaut teve uma infância e adolescência bem sofrida: nunca conheceu o pai biológico, foi rejeitado pela mãe e criado pelos avós maternos até os 10 anos. Quando a avó morreu, voltou a viver com a mãe e um padastro – que lhe emprestou o sobrenome, mas que ainda o rejeitavam violentamente. Ia mau na escola, até abondoná-la, quando começou a praticar pequenos furtos. Enfim, a essas alturas, já tinha uma paixão muito grande pelo cinema, plantada pela avó falecida, e com 14 anos fundou um cine-clube. Óbvio, o clube não deu certo, mas fez barulho. E um grande crítico e também dono de cine-clube, André Bazin, se sensibilizou com o menino cinéfilo e o ‘adotou’. Virou um tutor intelectual e pai adotivo de Truffaut. Livro daqui, filme dali até que o Truffaut se transformou num dos grandes nomes da Novelle Vague, primeiro como crítico e depois como cineasta, revolucionou o cinema francês e influencia, até hoje, gente no mundo inteiro, com suas obras fantásticas, eternas.

Mas eu comecei falando do Antoine Doinel, que é o personagem – jean1 atenção, não se percam! Um dos primeiros filmes do Truffaut, o primeiro autobiográfico e o que projetou seu nome no mundo, foi o Le 400 Coups, ou Os imcompreendidos - que conta a infância e adolescência do Doinel. Para o papel, ele escalou Jean-Pierre Léaud, então com 14 anos. É claro, a história se repetiu e Léaud transformou-se também em pupilo e meio que filho de Truffaut. E assim o Truffaut seguiu fazendo filmes com o Jean-Pierre por mais 20 anos, com ou sem o Antoine Doinel.

claude-jade2 A série começa com "Os Incompreendidos", seguido de um curta chamado "Antoine et Colette", que compõe o filme "Amor aos 20", uma coletânea de curtas de vários diretores. Depois vem "Beijos Proibidos / Baisers Volés", que apresenta a encantadora Claude Jade, por quem o Truffaut caiu em perdição, largou a mulher milionária e se casou, perdido de amor. jean2Na seqüência, também  com a dupla campeã Jean-Pierre/Claude Jade, "Domicílio Conjugal". A série  encerra com "Amor em Fuga", que traz de volta a não menos linda Collete, de quase 20 anos antes. Todos os filmes são maravilhosos.

antoineetcolette Tudo me encanta nos filmes do Truffaut: os roteiros perfeitos, inteligentes, sensíveis, a narrativa fluente, a fotografia deslumbrante, as trilhas sonoras, uma mais perfeita que a outra, e por aí vai. Dava pra falar muito dele, mas aí entramos em outra seara. Já me estendi demais. Vamos aos filmes.

Ah, pra quem quiser, a série está à venda, foi lançada pela Versátil Home Video. Você encontro os filmes avulsos ou num box, bonitão.

osimcompreendidos Os imcompreendidos 
Título Original:
Le 400 Coups
Origem-ano: França - 1959
Duração: 99 minutos
Sinopse: Este é o primeiro da série e a história dele já está bem contada lá em cima. O Antoine Doinel é maltratado pela mãe e pelo padastro e começa a aprontar deliciosas travessuras na escola - a cena em que a turma sai para um passeio na cidade e, pouco a pouco, todos fogem do professor, é ótima. Apanha da mãe, é expulso, vai para um reformatório, enfim... É a infância do Truffaut retratada em filme. Fantástico. Quem conseguir este DVD que está aí na foto, poderá ver também o curta Antoine e Colette, de 1962. Aqui Doinel volta à Paris para morar sozinho, arruma pequenos bicos, reencontra amigos e se apaixona, por música, arte e por Colette. É o início da juventudade e da saga de amores de Doinel.

beijosroubados Beijos Proibidos
Título Original: Baisers Volés
Origem-ano: França - 1968
Duração: 87 minutos
Sinopse: Neste filme, Antoine está apaixonado por Cristine Darbon, a bela Claude Jade, e além disso tenta se estabelecer profissionalmente - como guarda noturno, detetive particular e vendedor de sapatos. Aqui ele descobre o amor e fica explícito seu eterno desiquilíbrio, cheio de graça, emocional e profissional. As trapalhadas de Doinel são divertidíssimas. Um lance bacana que já começou a aparecer no curta anterior e fica mais evidente aqui é que o Antoine sempre se apaixona não só pela mulher, mas principalmente pela família.

domicilio Domicílio Conjugal
Título Original:
Domicile Conjugal
Origem-ano: França - 1970
Duração: 94 minutos
Sinopse: Antoine casa-se com Cristine e vivem juntos as delícias e frustações do casamento. Antoine ama, briga, tem um filho, trai e, depois de tudo, ama de novo, mais ainda. Vemos presente a eterna inquietude de Antoine, que em determinado ponto atinge Cristine também. Este filme é maravilhoso, um dos meus prediletos de toda a série.

amoremfuga Amor em Fuga
Título Original:
L'amour en fuite
Origem-ano: França - 1979
Duração: 91 minutos
Sinopse: Aqui a série chega ao fim. Depois de terminar a relação com Cristine, Antoine, com 35 anos, tem uma nova paixão, Sabine. Sua relação com ela também está em crise, com surge Colette. Eles se encontram acidentalmente e voltam a conversar - Colette havia descoberto o livro escrito por Antoine, que passava a limpo sua infância, seus amores, sua vida. E por uma boa parte do filme, por meio de um animado bate-papo entre Cristine e Colette, toda história de Antoine Doinel é revista, com belas cenas de todos os filmes anteriores. E justamente quando se evidencia toda a confusão emocional e a instabilidade com as mulheres de Doinel, ele encontra seu grande amor, numa história de paixão à primeira vista muito bem bolada. Este filme é ótimo, encerra a série de forma perfeita, mas ainda nos deixa com uma pulga atrás da orelha, imaginando o que Antoine vai aprontar da próxima vez…

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