8 de set. de 2008

Ó pai, ó

Ainda na empolgação do Apenas uma vez, segue a dica de outro filme ‘sonoro’. Extremamente contagiante – da vontade de sair dançando - “Ó pai, ó” é um retrato de Salvador e de seu povo, do que tem de melhor e de pior. Você pode analisar por diversos aspectos: a musicalidade, a alegria, aquela coisa de estar cheio de problemas mas mesmo assim conseguir levar a vida e seguir brincando, ésteriótipo de brasileiro e, mais ainda, de baianos. Mas tem também a pobreza, que talvez em nenhum outro lugar se misture tanto, no mesmo espaço. Vou ser mais claro: no Pelourinho, você sente essa atmosfera fantástica, cultural, musical, negra, e presencia as malezas, a pobreza, o desleixo com aquele povo e com a sua vida.

É uma tragi-comédia musical, com uma trilha sonora bem bacana e atuações muito boas. A dupla Lázaro Ramos/Wagner Moura, como sempre, está fantástica. O Wagner Moura, fazendo o papel de um traficante da comunidade, o Boca – “não me chama de Moisés, não pô…”, está engraçadíssimo. E o Lázaro Ramos até cantando se saiu bem. Fora eles e o Stenio Garcia, a maioria dos atores é desconhecida, muitos deles componentes do Bando de Teatro Olodum – de onde saiu o Lázaro também. Aliás, o texto, escrito por Márcio Meirelles, já havia sido encenado pelo Bando.

Vale ressaltar que o filme não faz uma crítica social propriamente dita – ela está implícita, fica para nossa reflexão. Apresenta uma série de esteriótipos baianos – a macumbeira, a baiana do acarajé, a crente, a mulher que foi tentar a vida na Europa, enfim… Tudo com muita graça, bom humor e música.

Então, se você não foi à Bahia, nego, então vá. Não vá pensando em encontrar os personagens do filme nem aquele ambiente permanente de carnaval, mas um pouco de tudo está lá, sim.

opaio Título Original: Ó Paí, Ó
Gênero: Comédia
Duração: 98 min.
Ano: Brasil - 2007
Distribuidora: Europa Filmes
Direção e Roteiro: Monique Gardenberg, baseado na peça teatral de Márcio Meirelles
Sinopse: Em um animado cortiço do centro histórico do Pelourinho, em Salvador, tudo é compartilhado pelos seus moradores, especialmente a paixão pelo Carnaval e a antipatia pela síndica do prédio, Dona Joana (Luciana Souza). Todos tentam encontrar um lugar nos últimos dias do Carnaval, seja trabalhando ou brincando. Incomodada com a farra dos condôminos, Dona Joana decide puni-los, cortando o fornecimento de água do prédio. A falta d'água faz com que o aspirante a cantor Roque (Lázaro Ramos); o motorista de táxi Reginaldo (Érico Brás) e sua esposa Maria (Valdinéia Soriano); o travesti Yolanda (Lyu Arisson), amante de Reginaldo; a jogadora de búzios Raimunda (Cássia Vale); o homossexual dono de bar Neuzão (Tânia Tôko) e sua sensual sobrinha Rosa (Emanuelle Araújo); Carmen (Auristela Sá), que realiza abortos clandestinos e ao mesmo tempo mantém um pequeno orfanato em seu apartamento; Psilene (Dira Paes), irmã de Carmen que está fazendo uma visita após um período na Europa; e a Baiana (Rejane Maia), de quem todos são fregueses; se confrontem e se solidarizem perante o problema. Em meio à este enredo, muita música e alegria.

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