5 de ago. de 2008

A culpa é do Fidel

Só para entender melhor, já que a sinopse vai abaixo, a diretora e roteirista do filme, Julie Gravas, é filha do cineasta grego Costa-Gravas, conhecido por suas obras politicamente engajadas. Então o filme é um retrato da sua infância, de como ela viu as coisas se transformando ao seu redor, sem entender bem o que estava acontecendo. E mesmo que entendesse, transformações políticas não importam nada no universo de uma criança.

A menina é uma graça, e fica possessa quando perde a casa grande onde morava por um pequeno apartamento, perde a babá cubana que cuidava dela – e que vive dizendo que tudo que acontece de ruim no mundo é culpa do Fidel – sai das aulas de religião e é, de certa forma, marginalizada por suas colegas. É claro que, no meio do seu ‘sofrimento’, ela acaba descobrindo um monte de conceitos novos, que mudarão sua forma de ver e se relacionar com o mundo. Além disso, expõe propositalmente alguns estereótipos esquerdóides típicos da época, uma patrulha ideológica bem doida, mas que tinha que ser vivida plenamente.

Recentemente, li no livro do Zuenir Ventura – O que fizemos de nós – que sua filha recomendou que ele assistisse, pra entender como ela se sentiu naquele período. Para nós, dá pra ter uma idéia bem interessante de como coisas simples afetam profundamente a cabeça de uma criança.

A Culpa é do Fidel  
fidel Título Original:
La Faute à Fidel
Duração: 99 minutos
Origem: França/Itália: 2006
Direção: Julie Gavras
Roteiro: Julie Gavras, com colaboração de Arnaud Cathrine, baseado em livro de Domitilla Calamai
Sinopse: Anna de la Mesa (Nina Kervel-Bey) tem 9 anos, mora em Paris e leva uma vida regrada e tranqüila, dividida entre a escola católica e o entorno familiar. O ano é 1970 e a prisão e morte do seu tio espanhol, um comunista convicto, balança a família. Ao voltar de uma viagem ao Chile, logo após a eleição de Salvador Allende, os pais de Anna estão diferentes e a vida familiar muda por completo: engajamento político, mudança para um apartamento menor, trocas constantes de babás, visitas inesperadas de amigos estranhos e barbudos. Assustada com essa nova realidade, Anna resiste à sua maneira. Aos poucos, porém, realiza uma nova compreensão do mundo.

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