2 de set. de 2008

Narradores de Javé

Este é um filme bem antigo, que eu já queria ter assistido antes, porém não é muito fácil de encontrar. Mas vale a pena, sem dúvida. Nessa busca pelo resgate da história de Javé, a gente viaja junto pelo tradição oral do povoado - neste caso, no interior da Bahia, com o vocabulário e verve ricos dos nordestinos. Além do bom humor, é claro. O elenco é todo de atores do 'segundo time'. Entre aspas, claro, pois são todos atores fantásticos, mas sem a menor vocação pra galã. Portanto, você só vai encontrá-los na novela das oito de for em papel de jagunço, capitão-do-mato ou retirante. O José Dumont, que interpreta o Antonio Biá, está maravilhoso.

Sei dizer que é daqueles filmes que assistimos o tempo todo com um sorisso nos lábios. Não por ser uma comédia escrachada - tem momentos muito engraçados, sim - mas por seu tom matreiro, esperto, e pela simplicidade e fé dos moradores do povoado, cada qual com suas versões, crenças, jeitos e trejeitos. Muito bom.

Narradores-de-Jave Origem/Ano: Brasil/2003
Duração: 100 min
Direção: Eliane Caffé
Sinopse: Nada mudaria a rotina do pequeno vilarejo de Javé se não fosse o fato de cair sobre ele a ameaça repentina de sua extinção: Javé deverá desaparecer inundado pelas águas de uma grande hidrelétrica. Diante da infausta notícia, a comunidade decide ir em defesa de sua existência pondo em prática uma estratégia bastante inusitada e original: escrever um dossiê que documente o que consideram ser os "grandes" e "nobres" acontecimentos da história do povoado e assim justificar a sua preservação. Se até hoje ninguém preocupou-se em escrever a verdadeira história de Javé, tal tarefa deverá agora ser executada pelos próprios habitantes. Como a maioria dos moradores de Javé são bons contadores de histórias, mas mal sabem escrever o próprio nome, é necessário conseguir um escrivão à altura de tal empreendimento. É designado o nome de Antônio Biá, personagem anárquico, de caráter duvidoso, porém o único no povoado que sabe escrever fluentemente. Apesar de polêmico, ele terá a permissão de todos para ouvir e registrar os relatos mais importantes que formarão a trama histórica do vilarejo. Uma tarefa difícil porque nem sempre os habitantes concordam sobre qual, dentre todas as versões, deverá prevalecer na memória do povoado. Na construção deste dossiê, inicia-se um duelo poético entre os contadores que disputam com suas histórias - muitas vezes fantásticas e lendárias - o direito de permanecerem no patrimônio de Javé.

1 comentários:

gustavo schwabe disse...

Quando eu tinha uns 13 ou 14 anos, uma professora de história do colégio falou uma coisa que na época eu não entendi direito.

"Monstrinhos (ela chamava a gente assim) não existe isso de 'mais culto' ou 'menos culto'. Cultura todos têm, não dá pra mensurar"

Como ela era muito esquisita, eu não dei muita bola. Mas voltei a me lembrar disso assistindo esse filme. Muito legal mesmo.