5 de ago. de 2008

A cor do paraíso

Este é um dos filmes mais bonitos e tocantes que assisti nos últimos tempos. Começo com ele para abrir uma série de filmes com crianças protagonistas que me emocionaram muito. Quero antes dizer uma coisa sobre filmes com crianças: detesto filmes com crianças que fazem papéis de idiota, ou que tentam parecer adultas, super inteligentes, cheias de planos mirabolantes e falando um milhão de bobagens. Simplesmente irritante. No entanto, filmes com crianças de verdade, que vivem sentimentos de criança, com muita sinceridade e sensibilidade, são sempre emocionantes.

Mas voltemos à Cor do Paraíso. O filme, iraniano, conta a história de um menino cego (Mohammad) que mora numa escola para deficientes visuais em Teerã e que, nas férias, volta para seu vilarejo nas montanhas, onde convive com as irmãs e a avó. O pai, que é viúvo, se prepara para casar novamente e vive rejeitando o menino. É importante perceber que na cultura islâmica, são os filhos homens que têm a obrigação de cuidar dos pais na velhice – e para o pai de Mohammad, ele é imprestável e ainda o atrapalha na conquista da nova esposa. Mas o menino, apesar de tudo, é muito vivo, inteligente, e extremamente sensível à tudo que o rodeia – seja a natureza, os estudos, Deus e as pessoas que o amam. Simplesmente maravilhoso. Há uma cena, em especial, onde o menino desabafa com outro cego e conta à ele suas conversas com Deus, que é indescritível, algo de sublime, transborda de emoção.

Como se não bastasse tudo isso, o filme ainda tem uma fotografia belíssima, uma trilha sonora à altura e atuações impecáveis, a começar pelo próprio menino (Mohsen Ramezani) e pelo pai - juro, tem hora que dá vontade de bater!

Por favor, não se prendam à preconceitos, assistam o filme (legendado, por favor! tem que ouvir a voz do menino!) e me digam depois. O filme recebeu um monte de prêmios internacionais. Aliás, depois de assistir, agradeço a quem me mandar um comentário sobre como entendeu o final. Lá em casa, gerou dúvida.

cor do paraíso Título Original: Rang-E Khoda / Color of Paradise, The
Gênero: Drama
Origem: IRÃ/1999
Duração: 90 min
Direção e roteiro: Majid Majidi
Sinopse: A Cor do Paraíso narra a comovente história de Mohammad, um menino cego que mora numa escola para deficientes visuais e que, nas férias, volta para seu vilarejo nas montanhas, onde convive com as irmãs e sua adorada avó. O pai, que é viúvo, se prepara para casar novamente. Mohammad é um garoto muito vivo, que tem uma enorme sensibilidade. Seu jeito simples de "ver o mundo" é uma lição de vida. Dirigido por Majid Majidi, o mesmo do consagrado Filhos do Paraíso.

2 comentários:

gustavo schwabe disse...

Bom, eu particularmente vi o filme pela ótica religiosa. Desde o primeiro minuto (quando o diretor oferece o filme a deus) fica clara a visão dele - e talvez por isso eu não tenha gostado tanto, apesar das qualidades.

O foco acaba sendo a interação entre o cego que enxerga deus em tudo com o pai normal que não vê deus em nada. Daí o porquê do mundo do garoto ser tão mais colorido (pintado pelos sons da natureza) enquanto o do pai é tão miserável.

Tudo transcorre para a conversão final. O abraço do pai no garoto representa também um abraço em deus - e este retribui lhe dando uma segunda chance.

Fábio disse...

Gustavo,

Não concordo muito com essa interpretação...
Na verdade, acho que o pai não teve segunda chance nenhuma. Essa é a discussão sobre o final que eu tinha comentado. Como não me lembrava dessa história de oferecer o filme à Deus, nem pensei nisso. A única relação direta que via com Deus eram as conversas, crenças e questionamentos do menino, todos legítimos e que poderiam ser feitos por um menino cego de qualquer lugar do mundo. Assim como o pai, que, para mim, era um babaca universal, como vemos aos milhões por aqui.
Mas, de qualquer forma, o filme é bonito demais, né não...