18 de ago. de 2008

Vozes inocentes

Diferente dos outros até aqui, este é um filme com crianças, mas em que a guerra tem um papel mais determinante, não apenas pano de fundo, como no Valentin ou n'O Ano em que meus pais saíram de férias - desse eu falo depois. É muito interessante perceber como, em meio à toda loucura da guerra, as crianças ainda conseguem transformar tudo em normalidade - até certo ponto, claro. Convivem com a situação, se adaptam e seguem. No filme, elas estão na mira dos exércitos - tanto o do governo quanto os rebeldes. Há uma cena, fantástica, em que as tropas governistas fazem um pente-fino numa favela (formada pela fuga das famílias mais pobres da cidade, já que os lugares onde viviam estavam, cada vez mais, na zona de tiro) em busca de crianças. Para não serem recrutadas, sobem nos telhados das casas e ficam lá, quietinhas, até anoitecer. Em uma bela panorâmica, vemos um monte de telhados de zinco coalhados de crianças, deitadas, imóveis e caladas. Chocante. Em outro momento, dois ex-colegas de classe se vêem em exércitos opostos, de armas em punho, atirando uns contra os outros.

Vale para conhecer um pouco deste momento tenso, que historicamente ainda é muito próximo, e para se deliciar - e emocionar - com a maneira como são afetadas as crianças e como elas reagem à tudo isso. Bonito.

vozes-inocentes-poster01t Título Original: Voces Inocentes
Duração: 120 minutos
Origem: México: 2004
Direção: Luis Mandoki
Roteiro: Luis Mandoki e Oscar Orlando Torres, baseado em estória de Oscar Orlando Torres
Sinopse: Anos 80. Chava (Carlos Padilla) é um garoto de 11 anos que, após seu pai abandonar a família em meio à guerra civil de El Salvador, se torna o "homem da casa". Por causa da guerra as forças armadas do governo recrutam garotos de 12 anos, retirando-os das salas de aula. Chava ainda tem um ano até ser também recrutado, sendo que neste período precisa conseguir um emprego para ajudar sua mãe (Leonor Varela) a pagar as contas e também escapar da violência diária causada pela guerra civil.

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